Se você acompanha pessoas que falam sobre filmes, provavelmente já viu opiniões bem divergentes sobre o filme A Bruxa. Foi considerado por muitos um dos melhores filmes de terror já feitos e, por outros, o pior.
Quando saí da sala de cinema saí embasbacada com a genialidade desse filme, porém grande parte das pessoas reclamava que era um filme ruim, pois apesar de ser um filme de terror, não dava medo. Claro que não, essa não é a proposta desse filme.
Se você quer assistir o filme A Bruxa na expectativa de levar sustos e voltar para casa com medo de qualquer barulho que ouvir, desista, esse filme não é pra você. Ele não vai te pegar de surpresa.
A Bruxa se passa em 1630, e é situado na Nova Inglaterra. A narração fica por conta de Thomasin (Anya Taylor-Joy), uma jovem garota que mora com seus pais e irmãos. A história começa com a expulsão da família da colônia onde moram acusados de heresia, por serem cristão adeptos a costumes diferentes da religião do local. Lembrando que o filme se passa em uma época onde a divergência religiosa em uma comunidade pode afetar diretamente o modo como a sociedade vive. Ou seja, uma verdadeira "caça às bruxas".
Com a expulsão, a família se muda com alguns poucos pertences para um local isolado a beira de uma floresta. Na tentativa se estabelecer uma vida normal mesmo distante das colônias, a família constrói sua casa, cria animais e continua a constituição de sua família. Porém o mal que assombra o local não demora a aparecer.
Crianças cantando cantigas que soam como brincadeira e até parecem inocentes, animais que começam a agir de forma malévola e estranha e até o desaparecimento de Samuel, o bebê da família.
Começam então a ocorrer situações de colocam em prova a fé da família a estrutura de sua união. A mãe (Kate Dickie) não cessa de culpar Thomasin pela onda de mal que alastra a família e pelo desaparecimento de Samuel - e cogita até mesmo enviá-la para outra família, o pai (Ralph Ineson) prepara Caleb - o irmão do meio - para agir como o homem da família e o leva para a floresta, na esperança de encontrar Samuel e, os gêmeos, (Ellie Granger e Lucas Dawson) - agora os membros mais novos da família, não deixam de acreditar que Thomasin é uma bruxa e responsável por todo o mal que atinge a família.
A Bruxa é um terror de arte. Foi uma verdadeira surpresa ao ver que o filme não segue a linha da grande maioria dos filmes de terror que estiveram em cartaz nos últimos anos. Consigo facilmente encontrar elementos de clássicos de terror em A Bruxa, seja no roteiro, cinematografia ou direção. É uma história detalhada, sem furos e que você é imerso na fragilidade da família. Você sente a depressão da mãe ao perder o filho, o fardo de Thomasin e a culpa do pai ao sentir que não cumpre por completo as necessidades da família. É um filme emocionalmente pesado sem precisar de apelações. É como se estivéssemos assistindo a intimidade de uma família emocionalmente perturbada e amaldiçoada.
Claro que não é um filme perfeito. Apesar de ter uma duração relativa curta (1h32min) é um filme denso e longo para a maioria. A história não passa com pressa - o que na minha opinião é uma vantagem, para mim o filme se passou muito rápido - mas para o público que prefere um terror mais instantâneo, o desenvolvimento lento pode ser massante. Minha dica para quem vai assistir é ser cético e o filme vai te surpreender e até te desafiar em certos pontos.
Para mim, o melhor ponto do filme são os diálogos. Se possível, assista o filme com o áudio original. A maior parte dos diálogos foram retirados sem alterações de documentos antigos, da época, portanto o inglês é arcaico e podem causar uma estranheza (nesse caso ideal e até boa) para o público. Gosto também da crítica ao extremismo, nesse caso voltado a religião. O filme te faz questionar até que ponto é possível ter fé e o que é possível fazer por ela.
No peso final, o filme para mim é um dos melhores dos últimos tempos. Uma cinematografia fria, crua e esmaecida, uma direção que não deixa a desejar, diálogos ideias e atuações convincentes. A Bruxa é a prova de que um filme baseado em um folclore de época pode dar medo sem precisar dar sustos, ter o plot twist final sem precisar causar furos na história e pode te causar desconforto e, ao final do mistério, fazer você estar grato por isso.
Garanto que é livre de clichês e com uma proposta completamente diferente. Me lembrou bastante os trabalhos do Kubrick e do Stephen King (que inclusive twitou sobre o filme dizendo que A Bruxa o assustou pra caramba!)
Recomendo! Confira o trailer abaixo:
Nota: 9/10
Quando saí da sala de cinema saí embasbacada com a genialidade desse filme, porém grande parte das pessoas reclamava que era um filme ruim, pois apesar de ser um filme de terror, não dava medo. Claro que não, essa não é a proposta desse filme.
Se você quer assistir o filme A Bruxa na expectativa de levar sustos e voltar para casa com medo de qualquer barulho que ouvir, desista, esse filme não é pra você. Ele não vai te pegar de surpresa.
A Bruxa se passa em 1630, e é situado na Nova Inglaterra. A narração fica por conta de Thomasin (Anya Taylor-Joy), uma jovem garota que mora com seus pais e irmãos. A história começa com a expulsão da família da colônia onde moram acusados de heresia, por serem cristão adeptos a costumes diferentes da religião do local. Lembrando que o filme se passa em uma época onde a divergência religiosa em uma comunidade pode afetar diretamente o modo como a sociedade vive. Ou seja, uma verdadeira "caça às bruxas".
Com a expulsão, a família se muda com alguns poucos pertences para um local isolado a beira de uma floresta. Na tentativa se estabelecer uma vida normal mesmo distante das colônias, a família constrói sua casa, cria animais e continua a constituição de sua família. Porém o mal que assombra o local não demora a aparecer.
Crianças cantando cantigas que soam como brincadeira e até parecem inocentes, animais que começam a agir de forma malévola e estranha e até o desaparecimento de Samuel, o bebê da família.
Começam então a ocorrer situações de colocam em prova a fé da família a estrutura de sua união. A mãe (Kate Dickie) não cessa de culpar Thomasin pela onda de mal que alastra a família e pelo desaparecimento de Samuel - e cogita até mesmo enviá-la para outra família, o pai (Ralph Ineson) prepara Caleb - o irmão do meio - para agir como o homem da família e o leva para a floresta, na esperança de encontrar Samuel e, os gêmeos, (Ellie Granger e Lucas Dawson) - agora os membros mais novos da família, não deixam de acreditar que Thomasin é uma bruxa e responsável por todo o mal que atinge a família.
A Bruxa é um terror de arte. Foi uma verdadeira surpresa ao ver que o filme não segue a linha da grande maioria dos filmes de terror que estiveram em cartaz nos últimos anos. Consigo facilmente encontrar elementos de clássicos de terror em A Bruxa, seja no roteiro, cinematografia ou direção. É uma história detalhada, sem furos e que você é imerso na fragilidade da família. Você sente a depressão da mãe ao perder o filho, o fardo de Thomasin e a culpa do pai ao sentir que não cumpre por completo as necessidades da família. É um filme emocionalmente pesado sem precisar de apelações. É como se estivéssemos assistindo a intimidade de uma família emocionalmente perturbada e amaldiçoada.
Claro que não é um filme perfeito. Apesar de ter uma duração relativa curta (1h32min) é um filme denso e longo para a maioria. A história não passa com pressa - o que na minha opinião é uma vantagem, para mim o filme se passou muito rápido - mas para o público que prefere um terror mais instantâneo, o desenvolvimento lento pode ser massante. Minha dica para quem vai assistir é ser cético e o filme vai te surpreender e até te desafiar em certos pontos.
Para mim, o melhor ponto do filme são os diálogos. Se possível, assista o filme com o áudio original. A maior parte dos diálogos foram retirados sem alterações de documentos antigos, da época, portanto o inglês é arcaico e podem causar uma estranheza (nesse caso ideal e até boa) para o público. Gosto também da crítica ao extremismo, nesse caso voltado a religião. O filme te faz questionar até que ponto é possível ter fé e o que é possível fazer por ela.
No peso final, o filme para mim é um dos melhores dos últimos tempos. Uma cinematografia fria, crua e esmaecida, uma direção que não deixa a desejar, diálogos ideias e atuações convincentes. A Bruxa é a prova de que um filme baseado em um folclore de época pode dar medo sem precisar dar sustos, ter o plot twist final sem precisar causar furos na história e pode te causar desconforto e, ao final do mistério, fazer você estar grato por isso.
Garanto que é livre de clichês e com uma proposta completamente diferente. Me lembrou bastante os trabalhos do Kubrick e do Stephen King (que inclusive twitou sobre o filme dizendo que A Bruxa o assustou pra caramba!)
Recomendo! Confira o trailer abaixo:
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